Faliu
Era uma relojoaria que há dias havia falido, mas tentava se reerguer.
Ainda não se sabe por que a proprietária se arriscou tanto, montando a loja num dos bairros de Teixeira de Freitas, conhecido pelo alto índice de furtos.
Um assaltante, não muito esperto, entra na loja:
- Bom dia, quer me passar o dinheiro do caixa?
- Nós não temos. Falimos há dois dias. Não vendemos nada desde a semana passada - disse a vendedora um tanto quanto destemida.
- Onde ficam as jóias?
A vendedora sorriu cansada.
- Elas costumavam ficar aqui neste balcão mesmo, mas um de vocês passou primeiro. Acho que a mãe dele faz aniversário antes da sua. Como disse, amigo, estamos falidos.
- Quanta audácia! Não posso acreditar! - E apontou a pistola para a moça.
Mas uma vez ela riu, desta vez, realmente achando graça.
- Senhor, acho que se esqueceu de tirar a etiqueta da loja de brinquedos.
- Ah...
- Olha, já estou fechando a loja. Quer que eu te pague um lanche?
- Ah, dona, quanta gentileza! Vou aceitar sim.
Essas ruas de Teixeira de Freitas... Cada vez mais perigosas...
Amanda Figueiredo (9° B)
Meu primeiro e único namorado
Naquele tempo, lá atrás, bem antigamente... o namoro parecia mais uma amizade entre um homem e uma mulher, quase não se podia dar beijo; sempre tinha alguém para atrapalhar, geralmente o irmão mais novo ou minha mãe.
Mamãe sempre ficava na sala, sentada em um velho sofá tricotando suas belas camisetas que o papai tanto adorava. Eu e o firmino, sempre afastados um do outro, só conversando.
Firmino era meu primeiro namorado, então eu ficava toda toda quando o via, minha mão gelava, eu começava a gaguejar, uma sensação que parecia até boa, apesar de parecer que estava passando mal.
Eu sempre sabia quando ele estava perto de mim, sentia o seu perfume que o vento trazia... Ah, que perfume!
Firmino e eu sempre nos gostamos, desde crianças, aos nove anos de idade, me deu um selinho, que na época, era uma bitoquinha. Fiquei toda sem graça, mas gostei; ele era muito cavalheiro, parecia gente grande.
Uma vez ele disse bem assim:
- Eu ainda caso com você.
Eu fiquei toda vermelhe, fiquei um pouco sem graça, mas adorei.
Ele esperou até que eu completasse meus dezesseis anos para começar a me namorar. E o tempo passou...
Chegou o dia do meu aniversário, não ia ter festa, mas estava muito anciosa, pois era meu aniversário e eu sabia que iria ganhar o melhor presente do mundo.
Exatamente no dia 21 de novembro de 1942, às duas horas da tarde, alguém bate na porta, suavemente eu abro a porta, ele estava lá, todo arrumado e perfumado, com rosas e uma caixa de bombom nas mãos. Quase chorei de tanta felicidade.
Ele pediu permissão ao meu pai e como meu pai sabia que ele era um menino que podia oferecer um bom futuro, acabou permitindo o namoro.
Ficamos muito tempo juntos, seis anos e decidimos nos casar, ficar juntinhos para sempre. Naquele tempo, casamento era muito sério, mas ele se encheu de coragem e foi até a minha casa pedir a minha mão em casamento e para nossa alegria, meu pai deixou.
No dia 24 de setembro fomos até a igreja marcar a data do casório. No final do ano nos casamos. Somos muito felizes, e eu mais ainda, pois casei com meu primeiro namorado e há dois anos comemoramos bodas de ouro.
Beatriz Pereira Galvão (8° A)